Era um dia como todos os outros. O garoto quase homem ainda alegrava sua mente com desejos de criança. ele estava deitado no chão de seu quintal, as pernas magrelas esticadas, os pés suspensos no desnível dos únicos dois degraus que formavam uma escada, mas ainda assim apontados para o céu. O sol brilhava forte, a pino no azul límpido do viveiro aberto de um grupo de águias. E o menino, na tentativa de proteger seus os olhos do calor, colocava uma blusa sobre o rosto e aproveitava um pedaço do pano para ajeitar debaixo das costas e se sentir em terreno mais macio.
Estava quase na hora de seus pais saírem para trabalhar, mas, ao invés de aproveitar ao máximo a companhia deles, o garoto queria ficar sozinho, em silêncio. Pensava em seu sonho naquela noite. Havia sido um sonho bom, tão real...
De repente, um avião cruzou o céu. Dava pra ver as quatro turbinas riscando o azul celeste com um branco tão puro quanto o das nuvens. Correndo os olhos por aquele risco, que ia se desintegrando com o tempo, ele se deparou com a lua. Estava tão fraquinha, escondida atrás dos fios de eletricidade de um poste e das árvores no outro lado da rua. Mas ainda assim brilhava graciosa, oposta ao sol e de uma frieza reconfortante.
Sem querer ele ficou a admirá-la, e pensava:
- Como a lua pode brilhar durante o dia? Oh, Deus, seus olhos me vigiam com tamanha magnitude! O sol, apontando pra mim com tanta energia, rodeado de nuvens que parecem fiapos de algodão; a lua, discretamente espiando meus pensamentos, e tão oculta quanto eles. O que eu sou dentre todas essas Suas obras? - Seus olhos toparam com uma grande nuvem, ela ia fazendo desenhos compreensíveis.
Um anjo ajoelhado e de asas abertas.
- Esse cenário é perfeito pra minha próxima história...
Um peão num jogo de xadrez.
- Não há inspiração maior que a vida...
Um borrão! O garoto sentiu alguém tocando em sua mão. Era uma pele macia e fresca, que ele logo reconheceu. Sua mãe falou:
- Filho, vamos entrar?
Ele pôde ouvir os passos firmes dela se distanciando, à caminho da porta. Antes de obedecer, ousou olhar o céu uma última vez, espreguiçou seu corpo fino e comprido, depois balançou as pernas e sentou. Foi quando reparou que uma gotinha de lágrima escapava de um de seus olhos.
Esfregou a blusa no rosto, embaraçou os cabelos, para depois arrumá-los. Respirou fundo e um ar gostoso encheu seus pulmões de vida.
- Venha, filho, estou atrasada! - A voz harmoniosa gritou ao longe.
- Estou indo, estou indo! - Levantou e foi até a porta, encostada. - Essa porta está aberta? Preciso pegar uma coisa...
Sem mal olhar nos olhos da mãe, ele correu até sua estante e pegou um caderno que deixava lá para quando a inspiração viesse. Pegou também uma caneta que estava ao lado.
- Vou ficar aqui fora, acabei de escrever um texto inteiro na minha cabeça. Bom trabalho! - Depois de dar um beijo no rosto da mulher, o rapaz se ajeitou no chão onde estava deitado minutos antes. Olhou para o céu, continuava lindo, perfeito. Das árvores ecoavam os piados cativos de pássaros livres e contentes.
O garoto abriu o caderno, folheou até encontrar uma página em branco. Sorveu mais um pouquinho de vida no ar e mirou a caneta para a primeira linha.
Pôs-se a escrever o que acabara de viver.
"Nossa, pude ver toda essa história num quadro lindo em minha memória, na verdade foi minha imagem que fico extremamente encantada é de perceber que céu estupendo este garoto estava a contemplar, mas confesso que o céu que me proponho a imaginar, dá uma certa loucura neste aí, parece que o meu é muito mais encantador, e estas palavras me fizeram visionar isto, como é bom ler textos comoventes como este teu Sam. Só tenho algo a mencionar: "Fantástico."
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