Apresentação

Para quem curte poemas, contos, lendas e histórias, aprecia uma boa música e é apaixonado por arte, aqui é um ótimo lugar para encontrar tudo isso de uma única vez. Seja bem-vindo!

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Deserto

Uma folha repousa
Sobre o solo molhado
E a água escorre

A andorinha pousa
Na ponta do telhado
E com seus olhos percorre

O asfalto rachado
E um caminho trilhado
Pela água a escorrer

A folha caída
De alguma árvore perdida
Que deve estar a morrer
Samanta Geraldini

Shadows in the Sun

When the day was falling
And the sunlight faded
I watched the night borning
And the sky being shaded

With the colour of a sad story
And the shadow of lost glory
But my eyes could see, smooth and slow,
A painter creating a paradise of snow

The vibrant colours of the moon
Outlined a garden that flourished soon
And in the shadows, there were no stars,
The was loneliness for my scars

Over the hills and far away
Beyond the horizons that a bird flies
I saw a single sign of blue stray
And I nevermore stopped looking at his eyes.

Samanta Geraldini

Perguntas e "Perguntas"

Quanto conheces de ti?
Está mais perto de nada
Ou mais perto de tudo?
Prefere pensar mudo
Ou dar uma resposta enganada?
Quanto conheces de ti?!
Samanta Geraldini

Calejados

Seus calos já nem doem tanto
E ela sente vergonha da ferida que eles deixaram
Para tocá-los ela sopra em canto
Permitindo que o vento enxergue o que os outros não enxergaram

Ela é a mais viva dentre eles
Com calos invisíveis e um sorriso contente
Enquanto seus amigos, com os calos deles
Lamentam a dor no corpo e também na mente

Alguns têm calos nas mãos
De tanto trabalhar
Ou de tanto escrever

Outros têm calos nos pés
De tanto caminhar
Ou por precisar correr

Mas nenhum deles sofre disso
Causa e sintoma são o cansaço
E a distância entre a dor e a cura
É demarcada por apenas um traço

Só que ela tem o compromisso
De recuperar a vontade e a emoção
Pois nesses dias que o calo aperta com bravura
Ela sente anestesiar seu coração

Samanta Geraldini

Microfonia

O som distorcido domina o palco
Uma voz poderosa de tons singulares
Centenas de mãos erguidas pro alto
Bocas que gritam, palavras nos ares

A música fala de um relógio que conta
Histórias de um amor irônico e louco
E o povo sem errar a letra canta
Expulsando suas vozes e ficando rouco

O chão treme quando todos pulam
Todas as vozes em uníssono a bradar
Os mais na frente ainda se orgulham
De ter diante dos olhos umas deusa a bailar

***

Tudo acabou, exceto a memória
No silêncio ainda ouço gritar

Uma voz tão doce e tão fria
Cortando o vento, resvalando no ar

E ela caminha belamente e solitária
Em sua tempestade cruel e sagaz

Sua voz, de pura maestria
Microfonia, em meus ouvidos, ainda faz
Samanta Geraldini

Em memória ao dia 13/09/2014