O som distorcido domina o palco
Uma voz poderosa de tons singulares
Centenas de mãos erguidas pro alto
Bocas que gritam, palavras nos ares
A música fala de um relógio que conta
Histórias de um amor irônico e louco
E o povo sem errar a letra canta
Expulsando suas vozes e ficando rouco
O chão treme quando todos pulam
Todas as vozes em uníssono a bradar
Os mais na frente ainda se orgulham
De ter diante dos olhos umas deusa a bailar
***
Tudo acabou, exceto a memória
No silêncio ainda ouço gritar
Uma voz tão doce e tão fria
Cortando o vento, resvalando no ar
E ela caminha belamente e solitária
Em sua tempestade cruel e sagaz
Sua voz, de pura maestria
Microfonia, em meus ouvidos, ainda faz
Samanta Geraldini
Em memória ao dia 13/09/2014