Ainda tenho algumas dúvidas, mas ao que tudo indica estou me tornando uma especialista em tempo. Não aquele tempo que remetemos ao clima e fenômenos naturais, o tempo de relógio mesmo.
Depois dos últimos eventos que passaram a me perseguir estranhamente todos os dias, isso tornou-se quase uma certeza. Eu, uma fissurada por horas, levando peça atrás de peça por elas. Eu, que antigamente carregava um relógio no pulso para olhar a hora de cinco em cinco minutos para absolutamente nada, vejo-me hoje como quem, automaticamente, conta os segundos esperando o presente passar.
Ok, não preciso ser tão dramática assim, eu já fui mais ansiosa. Aprendi nos últimos meses a tratar o tempo como amigo, e fui mais bem recompensada. Nem sou mais tão pilhada assim, apesar de algumas vezes brincar que terei um ataque no coração de tanto esperar algo importante. Bem, talvez até tenha, mas... não era pra fazer drama de novo.
Mas deixemos o tempo passar. Não é legal parar no tempo, isso é um baita prejuízo; a não ser que esse "parar no tempo" seja em um sentido totalmente diferente. Mas prefiro dizer que ele não para - quem dera, acho até que ele voa rápido, muito rápido. Sabe aquele momento em que num piscar de olhos (que só pra você foi um piscar de olhos) duas horas se passam? É, eu sei bem. E, ao mesmo
tempo, o
tempo que você quer que passe não vai de jeito nenhum. Quanto dura uma semana? E duas, é exatamente o dobro disso? Sei lá, maior conta sem lógica essa...
Aí eu paro e penso: será mesmo que eu quero que passe? Ah, ainda que conhecedora do tempo, não conheço todas as manhas, sofro um pouquinho pra conseguir me dar bem. Volta e meia eu estou numa doida vontade de voltar o ponteiro para trás; logo em seguida, por um impulso, tento inutilmente empurrá-lo, como se ele fosse sair do lugar mais rápido do que o possível. Sai nada, o bendito é regrado que é uma coisa.
Mas é por essas e outras que eu digo, não é tão difícil dominá-lo. Ele é sempre igual, quem muda é a gente. E sendo ele constante, trabalhar com ele é uma tarefa calculista que depende unicamente de nós mesmos.
Poxa, não é ele que leva as coisas embora, somos nós. Nós! É sim, nós deixamos ele agir. Se não deixarmos, o que acontece? Boa pergunta, eu também não resisto às tentações dele (risos). Brincar com ele é uma das aventuras mais divertidas que existem. Só o tempo que levei para escrever isso aqui, só pra constar, feito uma máquina programada que não para pra pensar e só vai fazendo seus movimentos, já foi uma grande satisfação. Trabalhamos juntos: eu disse a ele "
vá caminhando, tentarei preenchê-lo com uma caneta em mãos.". Preenchi, diria até que generosamente. Enquanto ele ia andando, contudo, ele me deixava percorrê-lo, vê-lo como era antes, como pode ser, como quero que seja. Oh, uma constante variável!
Tem gente que não sabe brincar com ele, acaba é levando uma surra. O pior é quando começa a gostar de apanhar e torna isso rotina. Eu não, nem quero apanhar, nem bater, basta de violência no mundo, o meu mundinho interno é bem pacífico. Também tem quem tema o tempo... aquela história de saber diferenciar medo e respeito, eu não vou enfrentar, mas é porque não vejo necessidade.
Incrível! Agora que estou terminando minha sessão de loucura, recebo a seguinte mensagem:
"Não se apressa a arte!"
Vai me dizer que estou correndo muito? Aliás, é arte isso que faço? Não sabia!
Ok, ok, eu entendi (e vou parar com esses "ok"). Coisas boas precisam nascer com jeitinho, não é isso que dizem, que a pressa é inimiga da perfeição?!
Só por isso que vou me esforçar a ser paciente. Porque, jogando limpo, ai de mim se conseguir enganar alguém com esse papo de especialista em tempo, eu tô mesmo é louca pra ver ele chegar aonde eu já fui em pensamento um zilhão de vezes. Chega, vai!