E depois de tanto andar, cá estou eu! Meu Deus, quanto tempo... devo ter feito uma viagem. Confesso que várias vezes tentei parar um pouco, colocar as ideias em ordem, refletir, porém algum estranho medo de não chegar a tempo aonde estou me obrigou a andar sem pausas, não necessariamente correndo, mas de forma alguma dando chances aos imaginários pés da consciência de saborear o alívio de não precisar carregar o peso de alguém. E assim, o máximo que fiz nesse tempo foi escrever enquanto andava, com letras tortas e palavras incompletas, só para não estar totalmente perdida quando esse momento de inspiração fosse concedido a mim.
Aqui dentro ouvi um panteão de vozes conversando. Algumas delas proferiram tão belas verdades que por vários dias me esforcei para guardá-las em algum cantinho seguro, mas lamento ter que admitir: elas foram roubadas. Dentre tudo o que matutei, só me lembro de uma constatação. Ora pois, melhor assim, pelo menos não perco a espontaneidade. Tenho comigo muitos "eus", sei que eles me ajudarão, através dessa informação, chegar bem mais longe.
A mente é como um grande baú. Uma baú onde guardamos tudo aquilo que atribuímos valor e algum significado, mas que, por querermos manter sigilo, camuflamos com um sem-número de outras coisinhas sem sentido. O grande segredo é, ela não é um baú qualquer, pois esconde um fundo falso, porta para a vastidão de tamanho ilimitado que guarda todas as informações de nossa vida. Todas, sem exceção, desde a primeira imagem que focalizamos quando muitíssimo pequenos, até o instante que erroneamente chamamos de "tempo real". Grande tolice, até ele nos é passado.
Bem, olhando agora me parece que já tenho o bastante para monologar aqui. Explanaremos o fato: se temos tudo guardado na mente, por que não as podemos, definitivamente, rememorar? Simples, porque ainda não encontramos a forma de desviar do monte de informações que jogamos por cima dos nossos "tesouros", porque o fundo falso de que falo não é tão óbvio assim e, finalmente, porque caminhar em meio a tanta "gente" nos deixa fadigados, confusos e levemente propícios a largar mão de boa parte da curiosidade para manter perto aquelas que já foram bem apresentadas e acolhidas.
Por mais que pareça contrário ao que alguns dizem, aquela nossa vontade de dominar o mundo acaba mais rápido do que pensamos, ainda em nós mesmos, quando nos vemos abarrotados de conteúdo. Esse é o céu que tanto imagino. Meu Deus, o Universo é grande demais para imaginarmos que podemos contorná-lo, nossa mente, não obstante, é o céu que se sobrepõe ao "todo" que julgamos ser. Nos contentamos com o que vemos, achamos imenso. Ah, quem dera isso fosse imenso. O imenso é muito mais.
De qualquer forma, estou com medo de ter falado tanto e não ter dito nada. Mas é que 40 dias (ou algo assim) é um bocado de tempo, e meu universo já aumentou consideravelmente de tamanho. Em algum lugar deve estar mantida a memória de quando pela primeira vez tropecei e caí, afinal, eu andei bastante e isso é inevitável. Deve ter passado o dia que minhas pernas bambearam e eu quase desisti... Vou me lembrando também da noite em que em prantos recordei o pedacinho que deixei pra trás, oh, esse dia! Escrevi um texto maior que esse mentalmente, enquanto me revirava de um lado pro outro na cama, escondendo a cara triste no travesseiro. A moral da história foi a mesma de sempre: é melhor você tampar de novo o fundo do baú e ir pro mundo real conquistar mais coisas (boas ou ruins) pra colocar lá dentro. O pulinho pro passado, a olhadela pra trás na estrada da vida, não podem demorar muito não, o importante é não estagnar e chegar no destino. Até porque todas as estradas se cruzarão lá na frente.
Pra terminar aqui, só quero registrar uma importante fotografia do momento, antes de jogá-la no baú. Meu céu é cheio de nuvens, e eu me sinto tão bem nelas! O melhor de tudo, roubadora que sou, admito de mansinho, talvez ele dê passagem pra outro tão imenso salão; aquele que fazia TUM-TUM outrora e agora bate bem mais vivo e forte. Meu coração!
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