Partes de mim dizem que é amor, outra que é apenas amizade, enquanto uma, um pouco mais insana, insiste em classificar como obsessão. Não sei, de fato, qual delas está a dizer verdades, nem se alguma é uma falácia, afinal, possa ser tudo isso ao mesmo tempo.
É estranho explicar, um tanto quanto absurdo, para ser mais sincera. Admirar, pensar, querer retribuir a importância de uma pessoa e não saber ao menos por onde começar, é uma sensação tão forte, que me perturba. O pior disso tudo é que, sem saber ao certo como dosar e medir meus sentimentos, temo pedir explicações para outrem da forma equivocada.
Criar uma hipótese e, antes de refletir arduamente sobre ela, negá-la, traz-me a impressão de que a conclusão não será tão produtiva quanto gostaria que fosse. Mas... como definir o "amor"? Ouço tanto essa palavra que chego a acreditar que, pior do que ser banalizada, ela não passa de uma utopia. Se bem que, no meu caso, apesar de platônico, nada concreto e totalmente confuso, ele (o amor) é real - em um real imaginário (?).
A cada dia que passa eu percebo o quanto perdi minha certeza ao escrever. Antes eram apenas reflexões, todas elas conclusivas; agora, Deus pode concordar, são pensamento que, a cada marca de tinta deixada na folha por rabiscos que alguém nomeou por letras, palavras, acentos e seja mais o que for, caminham mais para dentro de um vasto terreno desconhecido, cheio de labirintos, mas que, provavelmente, não exibe uma saída. Eis a minha mente - ou meu coração, se preferir!
Hoje, em uma das cartas que escrevo para um certo alguém que considero muito, utilizei uma metáfora onde coloquei-me como uma pedra cheia de água em seu âmago. Uma pedra rígida, áspera, fria, no entanto permeável. Lá dentro, a água se agita, ondula, acalma; aquece e resfria; ecoa baixinho, ou faz ruídos tenebrosos, de acordo com meu humor, minha imaginação e meus instintos. Bastaria um furo, uma tênue rachadura, para que essa água encolhida e isolada escapulisse. Mas ela é inexperiente, não saberia como agir. Ela poderia encontrar o caminho para um dos Oceanos, como poderia se perder, e secar.
Tenho medo! É por isso que constantemente observo a camada concreta que a fecha, tomando cuidado para não deixar que uma mísera gota caia.
E a curiosidade? Bem, ela é tão menor quanto a coragem, e talvez exista mais por parte da água do que da pedra. Acredito que a água sonhe com a liberdade, a capacidade de se expressar, lavar os pés dos que pisam na pedra, disfarçar as lágrimas dos que foram atacados por essa mesma pedra, surpreender os que sentiam, também pela pedra, alguma ínfima e rara simpatia. Mas a água é medrosa, e quanto ouve o NÃO! da pedra, prefere continuar ali, onde conhece. A pedra é a negação pura, é aquilo que a água tenta quebrar, e é aquilo que a água constrói, quase mutuamente, para se proteger.
Sim, perdi a noção do que é ser humano. Me represento assim, porque o abstrato combina mais comigo. Combina mais com a água. A pedra é concreta, mas não gosta muito de escrever.
Esqueci até o que pretendia registrar aqui, quem sabe... nada! Ah, sim, nada significa tudo. Queria registrar, em poucas palavras, tudo o que sou. Uma pena, vejo que falhei em meu propósito, talvez precise de uma segunda chance.
Vejamos, me restam algumas linhas para escrever, acho que posso tentar...
... era uma pedra, que um dia se encheu de água. A água "cresceu", aprendeu a "falar", e toda vez que lembra disso, de quem fez isso, ensinou isso...
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